Quando comecei a falar sobre sexualidade e conversar com as pessoas sobre o tema, percebi grandes dificuldades em compreender a multiplicidade e a diversidade do ser humano quando se trata de explorar e manifestar o seus desejos e afetos.
A grande barreira se encontra na ponta do iceberg que é o lugar onde a grande maioria das pessoas navegam, mas aqueles que se aprofundarem e saírem da superfície conseguirão contemplar a imensa construção que está submersa nas águas.
É natural encontrar conflitos quando aquilo que acreditamos e conhecemos começa a ser desafiado, desconstruído e colocado em cheque. Como por exemplo, a tomada de três pinos…
Para que mudar aquilo que funciona?
“Desde pequeno eu uso a tomada de dois pinos e sempre funcionou muito bem, só tinha ela e ela bastava! Isso é frescura! É gente que não tem o que fazer, sem-vergonhice, moda, logo logo isso passa, e etc…” O pensamento binário, macho-fêmea, positivo-negativo, faca-queijo, como sendo complementares e suficientes por muito tempo explicou e “atendeu as necessidades humanas”, mas hoje as pessoas estão sendo obrigadas a entender o famoso:
“fio terra” ou o terceiro pino.
O fato é que nem todo mundo faz uso desse recurso. E eu ainda estou falando da tomada… Alguns teimam em continuar com a tomada de dois pinos, outros mudam toda sua casa para se adequar à tomada de três pinos, alguns quebram o terceiro pino para dar um jeitinho, outros compram adaptador e por aí vai… O que quero dizer é que o pensamento predominante por muito tempo foi:
Nasceu homem, vai usar azul, jogar futebol e pegar a mulherada. Nasceu Mulher, vai usar rosa, dançar ballet, ser uma princesa e cuidar da casa. Esse pensamento deve ser desconstruído, porque homens dançam Ballet e devem cuidar da casa também. Mulheres jogam futebol, usam azul e pegam os homens. E assim como a tomada de três pinos algumas mudanças aconteceram:
O sexo biológico não me define mais como pessoa e nem ao menos com quem eu devo me relacionar sexualmente!
Nascer homem, não me obriga a me vestir como homem, me comportar como homem, fazer atividades de homens ou me relacionar sexualmente exclusivamente com mulheres. Nascer mulher, não me obriga a usar vestido rosa, cruzar as pernas ao sentar, limpar a casa e a casar com um príncipe encantado!
Não!
O grande problema daqueles que não entendem isso é que agora a tomada de três pinos está presente na maioria dos eletrônicos e quem deve se adaptar à novidade são os usuários e não o aparelho. “Não estou aqui para dizer que o mundo é gay e você também deve ser…” Não tenho nada contra os *cisgênero. Só quero trazer a compreensão que quando se trata de orientação sexual (a ponta do iceberg) existem diversas formas de Ser e de se manisfestar que excedem a compreensão do tradicionalismo binário, a tomada de dois pinos, macho e fêmea.
A metáfora na verdade serve para explicar que as pessoas e as tomadas mudam e nós devemos nos adequar, respeitar e compreender essas mudanças.
– Thiago Cavalcante 24/06/2016