Setembro Amarelo – Suicídio

Sim! As pessoas pensam em suicídio!

A maioria das pessoas que me procuram estão ansiosas ou depressivas e grande parte delas com pensamentos e comportamentos automutilação  e desejo suicida

Acreditam e relatam que a dor física e a morte são menores que o sofrimento emocional, considerando a mutilação uma solução passageira e a morte uma solução definitiva.

Mas solução do quê? Qual é o problema?

O ser humano é o único ser capaz de viver o antes e o depois. De se projetar em pensamento num futuro (sonhar) e reviver memórias de um passado (lembrar-se nostalgicamente). O que pode ser maravilhoso e trágico ao mesmo tempo.

Explico:

A solução desse problema desconhecido, cuja morte resolveria está extremamente ligado à capacidade humana de se projetar em pensamento.

O individuo que sofre, sofre porque não vê sentido nas coisas, nas pessoas, em seu cotidiano, em sua historia de vida (passado) e não consegue sonhar, desejar, projetar (futuro)

Ou seja, perdeu aquilo que é próprio e único do Humano, desumanizou-se!

A palavra humano vem de Húmus, ou seja, aquilo que alimenta a terra, frutifica, faz nascer, brotar. Quando se perde o adubo, a terra torna-se incapaz, improdutiva, seca, morre. 

Corpo sem alma, terra sem húmus.Desanimado, desumanizado.

O medo constante do futuro, os traumas ou a falta de sentido no passado e na própria história de vida, tornam o presente uma terra seca, uma maldição, um fardo impossível de se carregar, um lugar árido, vazio, baldio, sem vida!

Nesse sentido, a morte ou o suicídio faz sentido, pois tudo isso deve acabar, findar!

Viver assim é como experimentar a morte diariamente, pois a terra que não dá fruto está morta e o corpo que “desanima” ou perde a alma, está morto!

E lembrar disso todos os dias é penoso!

É como se a própria morte se alimentasse da dor!

Acabar com isso é necessário! Morrer é preciso!

O sentido batismal religioso é bem apropriado para o que quero dizer, pois é necessário “nascer de novo” e experimentar a morte de tudo isso, para que se tenha uma nova vida.

“se o grão de trigo, cair na terra e não morrer fica só, mas se morrer dá muito fruto” (João 12:24)

Veja que morrer (fisicamente) não significa acabar com os problemas ou com a dor, pois a morte pode ser dolorosa e difícil tanto para quem passa pelo processo quanto pra quem permanece vivo…

O oposto de dor, sofrimento e angústia, é: alegria, comprazimento, deleite, gosto, felicidade, bem-estar, prazer, enlevo, aprazimento, contentamento, júbilo, gosto, gozo, regozijo, satisfação, delícia, alacridade, entusiasmo, jovialidade, ledice, agrado, desfastio, bom-humor, consolo, contentamento, tranquilidade, paz, conforto, desafogo, sossego, silêncio, alívio, consolação, agrado.

Todos esses sentimentos antônimos ao individuo que sofre, só podem ser experimentados em vida, após a morte simbólica e ressurgimento.

A morte física é o oposto de vida e não de sofrimento ou de dor, ou seja, acreditar que a morte seria a solução é um grande equívoco.

O sentimento de morte e dor que pode lhe parecer definitivo, é apenas transitório e tudo que se quer matar é a morte que há em si, matar o vazio, a dor, a angústia e tudo que lhe faz sofrer…

Em resumo:

Morrer é o que mais faz sentido, mas, vale considerar que:

Morrer não é apenas eliminar o sofrimento atual, mas também, eliminar qualquer possibilidade de prazer, alegria, satisfação, motivação. Ou seja, eliminar qualquer chance de resolver o problema!

Só é possível matar a morte, o vazio e a infertilidade da vida, vivendo!

É preciso empenho para morrer

É preciso empenho para viver

Com um acompanhamento profissional e pessoal adequado é possível experimentar novas e diferentes sensações, atribuir novos sentidos a vida e a morte e projetar um futuro com novas possibilidades.

Sonhar, desejar, planejar, viver!

Repensar, reprogramar, ressignificar, viver!

“O homem morre quando deixa de sonhar”.

Thiago Cavalcante